RECONSTRUÇÃO PÓS-IDAI | PARÓQUIA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA - BEIRA

Por Redacção, RP - Beira

No prosseguimento do seu trabalho de recolha de dados e informação sobre o impacto do fenómeno natural denominado Ciclone Idai, que atingiu Moçambique, particularmente a cidade da Beira, epicentro da devastação daquele fenómeno, a Rádio Pax – Emissora Católica da Beira dirigiu-se desta feita a Paróquia Nossa Senhora de Fátima no bairro dos Pioneiro arredores da cidade da Beira, para conversar com o Padre Diamantino Andrade, pároco daquela paróquia, a fim de colher a sua experiência sobre a passagem do Idai pela sua paróquia.

Pe. Diamantino, Diocesano da Beira

Perguntado sobre como foi a sua experiência relativa a passagem do Ciclone Idai, aquele sacerdote do clero diocesano respondeu nesses termos: "Na minha experiência viver a situação do Ciclone Idai, foi um fenómeno único e já mais visto. Como diz o provérbio “basta nascer para ver tudo”. Se muitos da terceira idade diziam que nunca tinham vivido igual calamidade natural, quem sou eu para dizer que já tinha visto tudo? Foi experiência difícil e tremenda diante da vida e a fé que estava sendo posta em causa".

De acordo com o Padre Diamantino, as consequências do Ciclone Idai, não só foram notórias mas sobretudo devastadoras em quase todos os sentidos como se pode ler nas suas próprias palavras. 

"As consequências deixadas pelo ciclone foram notórias na manhã seguinte e até aos dias de hoje. Casas paróquias, igrejas e escolas católicas destruídas. Falta de tudo: água, energia, telefone, vias de acesso, famílias ao ar lento, corpos sem vida, falta de morgue para conservar os corpos, famílias a conviverem com seus mortos por mais de 3 dias".

Depois na noite do Ciclone

Diante daquela situação calamitosa e devastadora, aquele sacerdote disse a nossa reportagem que, foram imediatamente desenvolvidas logo após o ciclone algumas actividades como por exemplo: consciencializar os fiéis sobre o momento que viviam, encoraja-los, acolhe-los nas casas e animar os que tinham perdido tudo. Foram criadas condições de oração no pavilhão, limpeza e retirada dos escombros bem como a limpar de todo o pátio da Igreja de Fátima.

Para o pároco daquela paróquia, foi muito bonito e gratificante ver o entusiasmo humano de solidariedade, compreender que todos sofremos, mas haviam os que mais sofreram do que nós. Criou-se e sentiu-se o sentido e o espírito de pertença nos jovens onde foi bonito ouvir jovem a falar “a nossa Igreja caiu, mas vamos ergue-la”. De facto começaram a chegar ajudas de famílias, paroquianos e grupo de jovens!

Relativamente aos desafios, o nosso entrevistado disse que o mesmo actualmente passava necessariamente por, procurar reconstrui a Igreja de Fátima e a casa paroquial. Esses desafios tornavam-se também gesto de solidariedade para com aquelas paróquias ou casas que não tenham como e nem por onde iniciar.

A situação da paróquia actualmente é boa afirmou aquele sacerdote. Graças ao fundo de reconstrução pós-Idai da diocese conseguimos ter o tecto da Igreja, sacristia e a reabilitação total da casa paroquial. Contamos ainda com a ajuda os paroquianos da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Rio Claro no Estado de São Paulo no Brasil e amigos de montegalda-Italia, conseguimos electrificar e por a ventilação na Igreja.

Por ocasião do ciclone Idai e para fazer face aos estragos e desgraças causados por aquele fenómeno natural, surgiram como era óbvio muitas iniciativas na Diocese da Beira. Uma das iniciativas entre tantas foi a criação dos chamados Activistas da Caridade. Segundo o Padre Diamantino, os Activistas da Caridade desempenharam um óptimo trabalho junto das pessoas e famílias desfavorecidas e muito afectadas. Serviram de braços e olhos para o pároco para onde ele tinha de chegar, e reforço para a Comissão da Caridade. Criaram nova dinâmica no ministério da Caridade na medida em que os seus trabalhos eram feitos na máxima auscultação entre os animadores da comunidade, justiça e paz e caridade.

Missa da reinauguração da Paróquia após a reabilitação  

Importa lembrar que, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima é a primeira a passar por uma reconstrução total e completa pós-Idai a nível de todas as outras Igrejas que foram atingidas e, ficaram danificadas total ou parcialmente em consequência da passagem do ciclone Idai pela cidade da Beira o epicentro daquele fenómeno.